sexta-feira, outubro 31, 2008

o bom vivã

Pedrão era daquelas pessoas que se adaptavam facilmente a qualquer situação, tendo nascido na zona mais pobre do Dafundo, era portador de uma incrível bagagem linguística popular, conhecendo e utilizando as mais diversas expressões, como se diz, generalizadas e ordinárias do português. Ao mesmo tempo sabia muito bem cortejar a gente mais abastada da freguesia, havia aprendido o português correcto quando trabalhou no jornal da junta e apesar de não dominar o francês e o inglês, falava com uma pronúncia tão genuína que encantava sempre todos os que o ouviam, mesmo os franceses e ingleses. Também a cortejar as donzelas era um ás, desfazia-se em elogios de todos os tipos, embora nem sempre merecidos, se uma rapariga era gorda, dizia que estava cada vez mais esbelta e que o vestido lhe assentava na perfeição, se uma rapariga era facilmente irritável, dizia que tinha o feitio de uma deusa do Olimpo. Era um bom vivã, que de dia trabalhava pouco e à noite se transformava num ser infastiável de aventura e emoção.
Nem sempre era verdadeiro, muitas vezes engendrava planos algo complicados para conseguir a emoção que pretendia, claro que sem revelar a ninguém o mínimo detalhe da sua intenção, a história que vou contar é de um desses planos, numa dessas noites em que juntos vagueámos pelas casas nocturnas da classe alta lisboeta. (to be continued)

1 comentário:

Anónimo disse...

q personagem esta. quero mais mais.
bj s