quarta-feira, abril 29, 2009

festival do meu bairro

O IndieLisboa deste ano ainda não acabou, mas para mim já. Como vou para fora este fim-de-semana, vi ontem o último filme que podia ver, fazendo um total de quatro vistos nesta edição. É pouquinho, mas este ano com o início da vida de trabalhador deixei de ter tempo para as minhas andanças cinematográficas de festivais e cinematecas (se bem que ainda vi dois no fantas e quatro no indie - boa marca). Gosto muito deste festival, gosto que ao contrário das grandes produções, estas sejam da inteira responsabilidade dos seus criadores, torna-as obras mais singelas, por vezes também mais loucas e descabidas, mas sempre histórias que vêm em linha recta da vontade do realizador até aos nossos olhos e ouvidos, em que há apenas dois sentimentos, o de quem faz e o de quem assiste. Alguns dos filmes que mais me marcaram, precisamente na sua simplicidade e rectidão transmissiva vi-os no Indie, o festival do meu bairro (agora com o Alvalade ainda mais). O La Antena, que posso dizer que é o filme que mais me apaixonou, porque também foi o que mais me surpreendeu, vi-o quando o Indie ainda passava pelo King; O Old Joy, com o Bonnie "Prince" Billy, em que aprendi que a tristeza é velha alegria; O Let the Right One In, o filme de terror mais ternurento que algum dia há-de ser feito; O triste e contemplativo Farewell Falkenberg; O Johnnie To, que é simplesmente o maior; e muitos, muitos outros.
Este ano vi O Homem que Engarrafava Nuvens, um documentário sobre o Humberto Teixeira, um dos pais da música "folque" brasileira, sobre o qual ainda irei escrever; o Louise Michel, um filme anárquico na construção narrativa e bastante cómico, surreal mesmo; o Stroszek, de Werner Herzog, um filme dos anos 70 do herói independente, que contém esta cena hilariante; mas porque há sempre um que se destaca, desta vez foi o Prince of Broadway, este filme, que podia facilmente cair no lugar comum de um homem irresponsável que se vê de repente pai a tempo inteiro, consegue sendo isso, ser ainda muito mais que isso. É um tratado sobre a paternidade e maternidade, sobre o amor consciente e o amor inconsciente que vem do olhar de um bébe, sobre perserverança, desespero e coragem para enfrentar os arrombos da vida. Filme bem disposto sem ser pateta, filme triste sem ser trágico, daqueles que decerto vão ficar-me na memória.
Para os que ainda não aproveitaram o Indie, aproveitem. Até domingo no Fórum Lisboa, Londres, Alvalade, São Jorge e Fundação Oriente.

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