quarta-feira, junho 03, 2009

conversa

Tenho andado desleixado como gambozino contador de histórias e segredos, plantador de sonhos, guardador de imagens e sons, não tenho tido tempo de parar como parava, só para ligar o computador e inscrever aqui o que me apetecia. Uma das razões é que trabalho todo o dia em frente a uma dessas máquinas, a escrever cartas, a fazer quadros, a enviar mails, a criar apresentações e a compilar dossiers, sempre com musiquinha de fundo, mas encarcerado num escritório. Será que vai ser sempre assim, será que chega a um ponto que nos temos que sujeitar ao trabalho que há, seja ele qual for? Tenho amigos que pensam assim. Eu discordo categoricamente com eles, mas como qualquer merdinha que um amigo diga, fica sempre a latejar no pensamento, afinal de contas é com eles que nos temos que identificar, e quando essa identificação falha, há que analisar o estado das nossas almas. Voltando ao trilho inicial, não tenho tido tempo porque tenho andado por aí com muita vontade de viver-me a mim, isto é, não me tem apetecido ir ao cinema, por exemplo, ou ler, ou mesmo escrever, e um dos principais motivos para esta falta de vontade, que em mim vem às ondas, é o estado de paixão que sinto agora por esta cidade onde quase sempre vivi. Tenho vontade de nunca estar em casa, de descobrir esplanadas, miradouros, cafés, escadas que me levam a outros planos, planos que me trazem outras vistas, outras sensações. Estou farto do que é costume, do que está marcado na agenda, e por isso descobri a melhor coisa que podia descobrir nesta fase da minha vida, que se pode viajar sem sair da mesma cidade, da mesma vida, posso garantir que tenho viajado por aí, e posso afirmar que o que me tem feito feliz tem sido isso, tentar fazer as obrigações que se tem com o maior cuidado possível, e depois ir viajar por aí, apenas munido daquela pitada essencial de cuidados, que vai apurar quanto baste esta vida. Será isto q.b.?

3 comentários:

R.L. disse...

:) andas por aí com 30 pessoas atrás e recusas idas ao bairro, quando lá estás mesmo mesmo ao lado :D estavas a descobrir coisas novas ;)

oui c'est moi disse...

estar fechado num escritório pode ser uma grandessíssima seca ou pode ser ter deliciosos momentos parvinhos e totós, com piadas, partidas e risadas. alegria no trabalho. quando trabalhas com colegas imaginarios cm eu é que é lixado e pode tornar-se patológico. não é fixe partidas num escritório vazio. ao menos posso ter os meus momentos billy elliot alone.whuhuooo.
imagino q o ambiente aí não seja o mais extraordinário. mas é tão bom sair das quatro paredes com a sensação que fizeste tudo bem e voltar aos sitios de sempre com céu azul solinho e cervejas que resumem lisboa a tardes que se repetem...um dia vais estar num sitio que gostas mesmo 8h por dia com pessoas que gostas. tenho a certeza cause u'r u.
no verão volto a esse azul e a essas esplanadas, sem escritório. e será muito bom.viajar por dentro.

Anónimo disse...

O essencial é que não deixes morrer o olho lírico.*