domingo, julho 27, 2008

Tantas pontes para tão poucos rios - II -

Numa das pontes estava uma menina, quieta e calada, pouco como as meninas, olhando o leito do rio que corria na direcção oposta do sentido do seu olhar.
De repente um pássaro muito pequenino pousou no seu ombro, e cravando as garras na camisola de lã de menina, levantou-a num voo desonrientado. Sentindo-se desperta do seu sono de paisagem a menina olhou o pássaro nos olhos e com os seus olhos de menina disse-lhe para nunca mais a largar. Nunca mais o pássaro largou a menina, e nunca mais a menina olhou o rio do cimo daquela ponte, e nunca mais o leito do rio correu na direcção oposta daquele olhar.

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