sexta-feira, novembro 07, 2008

transbordado

se ser homem é ser rio
e se a vida é o curso do rio
então o meu rio perdeu as suas margens
e águas minhas estão espalhadas pelos campos
pântanos de desengano

agora

a terra vai beber o que de mim fugiu
e por caminhos sinuosos
as águas que me faltam
-mágoas que me assaltam -
voltarão a mim

por fim

ao leito do rio que sou eu

M.T.

4 comentários:

R.L. disse...

:) *

Anónimo disse...

se ser mulher é ser o mar
então as minhas ondas quebraram-se
em costas longínquas
e a minha espuma perdeu-se no passado

as amarras tenho-as grossas cordas
ao sal marcadas de vento e tempestades
por elas passaram mãos vincadas
pelo frio dos dias

mãos de marinheiros
mãos de passagem
buscando lugares distantes
procurando um porto no meu corpo

se ser mulher é ser o mar
então o meu sal hoje faz ferida onde craveja
então a minha pele não é mais de algas
é recife que delimita e é fronteira.

se ser mulher é ser o mar
sou hoje mar quente caldo veraneante
que adormece e não é mais bravaria.

s.

gambozino disse...

(arrepio)gosto quando escreves. escreve mais. escreve também as tuas próprias páginas. *

Anónimo disse...

continuo a escrever as minhas próprias páginas no sitio de sempre.