quarta-feira, janeiro 07, 2009

arrumações

Esta semana tenho estado a arrumar o quarto, pois é, sou um gambozino muito desarrumado. Quer dizer, sou daqueles que arrumo por camadas, vou enchendo caixas, gavetas, portas, armários, mochilas, etc, com tudo o que sei que não me irá fazer muita falta. Daí o tempo verbal que utilizei [tenho estado], e o que vou utilizar a seguir, arrumá-lo-ei ainda durante uns diazitos. Acontece que arrumar um quarto destes é um processo moroso, quase como uma escavação arqueológica, só que o arqueólogo é o próprio agente que fossilizou todos os artefactos que agora descobre, logo é também uma tarefa deveras sentimental e saudosista. Pensem num t-rex a descobrir um fóssil do próprio bracinho, é triste.
Ora no armário da direita do meu quarto, há um espaço fundo que acompanha em altura as gavetas, foi apenas esse espaço que estive hoje a escavar (também fiz outras coisas, a minha existência ainda anda à volta com equivalências e afins). Descobri maravilhas, dei por mim a ler cartas que me enviaram amigos, amigas, namoradas, a minha mãe e o meu avô durante a minha estadia em Itália; cartas que eu próprio escrevi e que nunca enviei (senti-me merda a ler estas, tinham o direito de ter chegado ao seu destino)... encontrei artefactos há muito perdidos: dois walkmans (um ainda funciona - com megabass e uma k7 de pearl jam), rolos fotográficos do antigamente, dois minidisks que não posso saber o que contêm, uma máquina de enrolar cigarros, bússolas, a minha colecção de pins, a minha colecção de bolas saltitonas, quatro cadernetas da panini (simpsons, gummybears, panda taotao e euro96), a credencial do caminho de santiago, bilhetes de concertos e jogos de futebol, mapas das cidades do meu interrail, o mapa da europa com o percurso do mesmo marcado e fotos! Fotos lindas! Que estupidez impertinente as enterrou naquele sítio escuro durante tanto tempo... não quero parecer lamechas mas deixei umas lágrimas escaparem.
Como se pode verificar hoje tive um dia intenso, e ainda falta a gaveta debaixo da minha cama, que deve ter umas pérolas preciosíssimas, as duas gavetas da secretária (a da esquerda não consigo abrir há uma semana), a porta de correr da estante, e as portas de cima dos armários, onde eu sei perfeitamente que estão todos os vinis que consegui recolher da minha família.
Aconselho vivamente esta actividade, para quem tenha uns dias livres sem nada para fazer, é um bom método de educação sentimental, vemo-nos como num museu, em que o tema da exposição somos nós, e quem nos conhece melhor senão nós próprios?
Se encontrar mais coisas giras prometo que digo.

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