segunda-feira, junho 05, 2006

O Silêncio e a Beleza

Era uma vez o Silêncio, o Silêncio era forte e havia nascido do espanto e da tranquilidade, os seus irmãos brincavam com ele por ser um tipo calado, mas ele não se importava. Era um rapaz que não era muito de correrias, facto que o tornava num péssimo jogador do toca e foge, especialmente quando chegava a altura de fugir. Ficava vezes sem conta sentado na varanda de sua casa contemplando ora o céu e as suas nuvens que se transformavam nas mais variadas formas, ora o vento a revoltar a folhagem das árvores e dos arbustos, tinha pena de não poder observar mais nitidamente o sol pois a sua luz fazia-lhe os olhos fechar involuntariamente. O Silêncio tinha uma paixão secreta sobre a qual eu não posso falar senão deixaria de ser secreta... mas havia uma menina chamada Beleza que prendia durante horas o seu olhar. Muito gostava ele de observá-la no espaço em que ela corria, jogava, cantava, girava em torno de si mesma em piruetas e se escondia no fundo dos olhares de todo o mundo e debaixo das pedras por levantar. Um dia, reuniu a coragem de um exército de soldados rasos e decidiu interpelá-la, chegou-se bem perto da menina e perguntou-lhe timidamente decidido: Porque ès tão bela? Beleza olhou-o bem fundo nos olhos, rodopiou à volta dele como uma brisa primaveril de sensações mágicas e arrepios, encostou o indicador levemente contra os seus lábios e susurrou num ruído sibilante: sschiuu! Silêncio...... e o dia mudou mil vezes de cor naquele segundo.

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